domingo, 26 de dezembro de 2021

SOL INVICTUS - ORIGEM DO NATAL



 As origens do Natal cristão remontam às festas romanas Saturnálias, em homenagem ao deus Saturno (ou Kronos, para os gregos), muito populares no Império Romano. As celebrações começavam no dia 17 de dezembro e duravam uma semana. Acreditava-se que nesse períodos, as divindades vindas das profundezas vagavam entre os vivos e que deviam ser recebidas com banquetes, sacrifícios e trocas de presentes para garantir a primavera. Durante as festas, a ordem social era subvertida: os escravos podiam se considerar temporariamente livres e se comportar como tal, e os patrícios os serviam, então. 

Ao final delas, ocorria a homenagem a Mitra, o deus Sol Invicto, (“sol invencível”) culto procedente da Síria e introduzido pelo imperador Aureliano no ano 274. Depois de vencer o exército da rainha Zenóbia, de Palmira, na Síria, em 272 a.C., o imperador Aureliano foi ao templo local de Mitra para agradecer a vitória. Mitra era, então, uma divindade popular no Império , especialmente entre os soldados.


Aureliano transferiu o culto de Mitra para Roma, erigiu-lhes templos  (em Roma tinha pelo menos quatro) com sacerdotes e tornou-o um culto oficial com uma data de comemoração: 25 de dezembro, natalis del Sol Invictus. Ele também instituiu jogos em homenagem ao deus sol, realizados a cada quatro anos a partir de 274 d.C. 
O 25 de Dezembro foi, portanto, inserido no calendário civil romano como o Dia do Sol Invencível, que triunfa sobre a escuridão. 
A data marcava a virada do solstício de inverno, quando a luz do dia começava a aumentar gradativamente. 
O culto ao Sol Invicto foi celebrado até o Edito de Teodósio, no ano 380, que estabeleceu o cristianismo como única religião do império proibindo todas as demais. 
A partir de então, o Sol Invicto foi absorvido e transformado pelos cristãos como representação simbólica do “nascimento da luz do mundo”, Jesus Cristo, o “verdadeiro” Sol Invicto.

O simbolismo de Jesus como luz reaparece no Novo Testamento, Jesus é dito como “astro nascente para iluminar os que vivem nas trevas” (Lucas 1:78), repete-se em Mateus 4:16 e é confirmado pelo próprio Jesus que se apresenta como “Eu sou a luz do mundo” (João 8: 12 e 9:5). 
O Sol, propriamente dito, serve de comparação ao esplendor de Jesus na transfiguração: “...seu rosto brilhava como sol e sua roupa tornou-se alva como a luz” (Mateus 17: 2) e repete-se no Apocalipse: “seu rosto brilhava como o sol, brilhando com toda a força” (Apocalipse 1: 16). A iconografia cristã primitiva usou sistematicamente temas pagãos para associar Cristo a um deus solar – Mitra ou mesmo Hélio. 
Era uma maneira de disfarçar a fé cristã quando o risco de perseguição impedia o uso de símbolos cristãos explícitos.

Com a liberalização do cristianismo, a celebração das datas cristãs ganhou força. Desconhecia-se contudo (e ainda hoje) a data do nascimento de Jesus e os Evangelhos são reticentes a respeito. Em Lucas há um indício quando o evangelista descreve a noite do nascimento de Jesus: “Nos arredores, havia uns pastores que pernoitavam nos campos, montando guarda a seu rebanho” (Lucas 2: 8). 
É improvável que os pastores pudessem dormir ao relento em pleno inverno. Isso só poderia ocorrer na primavera, quando os cordeiros nascem. A falta de interesse dos evangelistas em datar o nascimento de Jesus pode ser explicada pelo fato que, na época, a data de concepção era muito mais significativa, mesmo em termos astrológicos, do que a data de nascimento. 
Assim, no caso de Jesus, a data de concepção – momento em que o “Verbo se fez carne” – ganhou preeminência teológica. Daí a importância da celebração da Anunciação (25 de março, no calendário gregoriano, e 7 de abril, no calendário juliano usado pelas igrejas ortodoxas). A hipótese do 25 de dezembro como data do nascimento de Jesus apoiou-se em duas razões: A intenção de substituir o culto do Sol Invictus e, na sequência, a Saturnália por uma festa cristã. 
Essa cristianização de uma festa pagã, algumas vezes entendida como uma apropriação ilegítima por parte da Igreja Cristã, teria ocorrido no bojo de outras assimilações como os termos e conceitos de “templo”, “basílica”, “pontífice”, “auréola” etc. A substituição do festival pagão, contudo, parece ter sido lenta, uma vez que o papa Leão I, em 460, comentou: “É tão estimada essa religião do Sol que alguns cristãos antes de entrarem na Basílica de São Pedro, depois de subirem a escada, se voltam para o Sol e se inclinam em homenagem à estrela brilhante.
 Estamos angustiados e lamentamos muito por esse fato repetido por uma mentalidade pagã. Os cristãos devem abster-se de qualquer aparência de deferência a esse culto dos deuses” (Papa Leão I, Sétimo sermão realizado no Natal de 460). 
Por seu valor metafórico teológico e bíblico que permite reconhecer Jesus como o Messias das profecias, e associá-lo à ideia de “luz do mundo” mencionada nos Evangelhos, conforme acima exposto. 
Seja como for, o 25 de Dezembro fixou-se como a festa que congrega milhões de cristãos e é comemorado, inclusive por muitos não cristãos. Durante esse período, cessam os compromissos mundanos, as agendas políticas e jurídicas, e interrompem-se até as guerras e conflitos cujo exemplo mais significativo foi a Paz e a Trégua de Deus durante a Idade Média.

Não importa muito, a luz da mensagem de Jesus, o Nazareno vem para todos os povos como iluminação e esperança nos caminhos do povo.

Gratidão 
Silvia MD

Nenhum comentário: